segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Papel colorido

No começo, tudo era nada. As coisas não existiam e não havia ninguém para constatar que não existiam. Ou simplesmente não existiam PORQUE não havia ninguém para ver. Então, as coisas começaram a acontecer.
Primeiro Deus criou os homens (e tudo o mais, conforme eles querem que acreditemos), então, os homens criaram ferramentas rudimentares, depois foi a vez da roda, logo após, a descoberta do fogo, e então os homens começaram a consumir não só as coisas que eles faziam, mas as coisas de seus semelhantes, colegas de espécie.
Assim foi criado o sistema de trocas de mercadorias. Se você tinha uma galinha, e precisava de farinha, você trocava a galinha por farinha com seu vizinho que precisava de uma galinha, mas tinha farinha de sobra. O problema era saber quanta farinha perfazia uma galinha, quantos ovos perfaziam um saco de arroz e quantos grãos de arroz eram precisos para se ter um Juicer Philips Walita.
Então, o homem descobriu o ouro, um metal não tão fácil de ser encontrado, e o fez precioso. Comprava-se tudo com ouro, desde uma xícara de açúcar, à uma vaca leiteira. Mas quem tinha o ouro? Qualquer um poderia ter sorte e topar com uma pepita, sem esforço algum da parte do sujeito. E mais um problema: pesar o ouro para saber quanto daquilo era preciso para uma calça leg para sua filha.
E foi assim, neste momento crucial da história e genialidade humana, que o homem inventou o dinheiro! Ouro pesado, impresso, que não pertenceria a qualquer um. Sem trabalho, sem ouro. Sem esforço, sem comida. E o dinheiro evoluiu, e evoluiu...
O dinheiro começou guerras, e acabou com elas. O dinheiro construiu escolas, e ensinou homens a matar uns aos outros sem motivos. Ergueu prédios, e destruiu famílias. O dinheiro fez mães se desfazerem de seus bebês, fez amigos pararem de se falar, fez jovens morrerem e crianças nascerem. Ele deu aos homens direito de comprar outros homens, e contratou homens para cuidar do povo, que só eram amigos do dinheiro e nada mais. Ele nos deu títulos, e nos tirou os mesmos. Ele fez tantas coisas boas, como coisas ruins.
Mas ninguém é hipócrita o suficiente para dizer que não gosta desta maravilhosa invenção, o dinheiro. Imagine você tentar, com o sistema de trocas, contratar uma prostituta.

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