terça-feira, 17 de abril de 2012

Tenho fases de rebeldia, e fases de comportamento normal demais. As de rebeldia são mais divertidas, mas prefiro os dias em que eu sou eu mesma. Não é falsidade, não são mascaras ou indecisão. Eu apenas sou adaptável.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Um frasco novo de xampú

Um frasco novo de xampú, comprado no mercadinho da esquina. Menos de cinco reais, fazem a minha felicidade, enquanto leio os novos efeitos a serem aplicados aos meus cabelos, e os ingredientes que fazem isso. Achar um livro antigo, empoeirado e comido pelas traças, daqueles bons de ler. Um pão quentinho com manteiga, salada de batatas e feijão cheirando bem.
Comer e dormir quando se tem vontade. Ouvir um merecido pedido de desculpas. Brincar de lutinha, e perder todas as vezes que brinca. Jogar um vídeo game antigo, do tempo da minha infância, fazer cosplay improvisado, em casa, sem mostrar para ninguém. Pipoca com chuva, sol com frio. Carrinho de rolimã, bolita e paredes recém pintadas.
Um chocolate de formato diferente, um abraço inesperado. Deitar na grama com alguém que te quer bem. Escutar uma música que não se escuta a tempos. Deitar na cama e passar a noite olhando pro teto, pensando, pensando...
Um dia desses, as coisas e pessoas de quem eu gostava, simplesmente mudaram.
E, sabe de uma coisa? Como eu sou feliz!

sábado, 14 de abril de 2012

Não sei mais o que quero. Sei, portanto, que quero algo. Quero escrever, mas não tenho a mínima ideia do quê. Os dias estão vindo, e passando, rápidos, como se não importasse perder tantas horas com nada útil feito. 24 horas. Passadas assim, como que no piloto automático. Sorrisos extremamente mecânicos, educação e perguntas a quem não devo satisfação. De quem também não quero nenhuma satisfação.
Todos temos os dias ruins. Eles não têm nada a ver com a data, numerologia, horóscopo ou com alguma maldição, e nem com a maldita tpm, não coloque a culpa no universo que Deus criou. Talvez seja só você, com essa mania de ver tudo pelo lado ruim, ou talvez (é possível, será?) seja seu anjo que tirou férias.
Não... acho realmente que esses dias têm relação direta com o jeito com que você vai os atravessar. Apatia não gera coisas boas. Mau-humor também não. Se começou de um jeito ruim, não leve esse fato pelo restante das 24 horas que vivemos. Desperdiçar todas elas por uns 15 minutos ruins não tem sentido ou lógica nenhuma. Não é porque algo deu errado, que você vai dar uma de "foda-se essa merda" e encaminhar todo o resto para o buraco.
É uma coisa engraçada, essa de falar para as pessoas verem as coisas pelo melhor ângulo, sempre, quando nem eu mesma consigo pôr isso em prática.
Então continuamos nesse impasse. E nessa de ter nossos dias ruins, que poderiam ser apagados sem sentirmos falta nenhuma. Ou talvez, lá na frente, vejamos que não foi tão péssimo assim, que serviu para alguma coisa...

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Caminha comigo
por esses jardins que cultivamos,
e durante tantos anos
com amor eu os cuidei.

Fique junto a mim
para todo esse sempre
e se eu enfim chegar ao fim,
que meu pó seja só teu,
assim como a minha vida foi.

Agora, quando nossos cabelos já grisalhos caem
trançados pelos netos que juntos guiamos,
esbranquiçados por segurar as mãos de nossos filhos;
eu sei que minha vida foi por ti
e que somente para isso eu nasci.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Antes que rasguem todas as minhas páginas,
e me façam mergulhar dentro de qualquer história desconhecida;
Antes que eu perca minhas esperanças;
te digo que te quero, pra sempre.

Com todas as minhas forças, sei que o que mais me faz feliz está aqui,
perto e mesmo assim tão distante; ou distante, mas sempre perto.
Assim como o copo que pode sempre estar meio cheio.

Mesmo que seja para me machucar, fique
pois o branco da neve e o calor do sol me lembram você,
a limpidez do som dos sinos, tua voz,
enquanto eu só penso nos dias em que todos os minutos serão passados ao teu lado.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Dos Quintanares

A Deus, o que peço agora?
Se meus pecados não me deixarão?
Tinta para minhas canetas
Palavras para o coração.

Um amor pra vida inteira
E fluidez em meus cantares
O melhor vinho me condena
A viver a vida assim, pelos ares.

A razão do meu afeto

Quando penso pelo que vivo
Sinto que vivo pelos dias de sol, e por aqueles em que a chuva bate no telhado
fazendo o sono e o filme mais fáceis.

Vivo pelo simples motivo da vida.
Abrindo mais caminhos a cada dia.
Sou feliz pelos olhares e pela luz,que
batendo de certa forma, torna tudo inesquecível.

Sinto assim pelas minhas faltas de rima,
e pelo pôr do sol, que faz pensar em lugares distantes,
em pessoas que jamais irei conhecer.

Está aí a beleza que muitos procuram,
nas razões do meu afeto pelas coisas mais desimportantes,
que mais me fazem viver.
Um dia, depois o outro, um mês.

Corra

A sensação de estar sendo vigiado continua forte. Ele correu por dois quilômetros inteiros, e agora sente que foi inútil. Não se pode despistá-los, não se pode fugir, não adianta. Suas têmporas ainda martelam, com o fluxo de sangue agora mais rápido, e a adrenalina correndo. Não fora assim que imaginara sua morte. Sonhara em morrer em algo nobre, salvando alguém, trabalhando para o bem da comunidade, ou até mesmo em casa com a família, fogo na lareira, netos aos seus pés...
Mas não assim.
O ar gélido da noite o lembra que precisa continuar a correr. Já que começou isto, agora termine. Os passos que o perseguem agora estão mais próximos, seu único sentimento é desespero, não presta atenção para onde está indo, não pensa, só age. A corrida desenfreada o leva, sem querer, à um beco sem saída, e completamente aturdido ele procura algo em que se segurar. Uma saliência para escalar, um buraco no muro, pelo qual conseguisse se espremer, uma imagem de santo, um mendigo, qualquer coisa que pudesse se transformar em um milagre, qualquer coisa que o pudesse tirar dali.
O cheiro daquele lugar úmido e nojento, por incrível que pareça, é de pão. Pão quente e recém saído do forno, que sua mãe fazia pela manhã. O pensamento de sua mãe o traz à lembrança a época da adolescência, o perfume da mãe, a casa sempre limpa, as flores que ela tanto adorara. Lembrava-se da primeira vez que levara uma garota para conhecê-la... Mas ele precisava fugir, precisava sair dali, correr, se esconder. O que ele estava pensando, parando daquele jeito, relembrando a vida? Talvez estivesse mesmo para morrer, e aquilo fora sua vida inteira passando como um filme. Agora o som de passos o perseguindo se tornara mais alto que nunca, a coisa deveria estar ao lado dele, no escuro. Ele fechou os olhos e se preparou, imaginando como seria a morte.
Mas um som estranho, totalmente deslocado do seu pavor, como um apito agudo, o desperta, e antes que ele perceba, não está mais naquele beco escuro, está na sua cama, sentindo cheiro do pão fresco desta manhã, com o despertador apitando “a plenos pulmões” como dizia o avô, e a mãe, animada, espalhando aquele seu cheiro característico de jasmim enquanto anda pela casa, arrumando a bagunça da noite e limpando o que os filhos fizeram. Ele pensa no sonho desta noite, mas não consegue mais lembrar os detalhes, só sabe que foi estranho. Levanta e se estica, fazendo os movimentos de seu alongamento matinal. Estava atrasado para a escola.