sábado, 25 de fevereiro de 2012

...

E o tempo passará.

O mundo gira,

e só o que lembraremos

serão as coisas que nos fizeram sorrir,

mesmo que por pouco mais que um segundo.



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Um novo dia.

Novos dias, novos gostos.
Aprendemos vivendo
e vivemos apenas do aprendizado.

O preto não se distingue do branco,
Até que olhemos mais de perto,
Ou talvez de fora.

Mas o tempo passa e suaviza todos os rancores

Todas as maçãs que caíram longe da árvore,
Retornam aos seus ninhos
Arrependidas, talvez,
Mas com aquilo que foram buscar:
Outro ângulo para se olhar.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Efemeridade passageira, pleonasmo proposital.

Ele chega na estação um pouco atrasado. Devia ter perdido o último trem por pouco, pois esta encontrava-se vazia. Senta-se em um banco, daqueles velhos, danificados pelo tempo e vandalismos sofridos. O dia estava bonito, e, com todas as listas de atividades a serem feitas rodando em sua mente, ele se sentia cansado, mesmo estando acordado a apenas uma hora, aproximadamente.
Às vezes, ele pensava, as sensações de dentro e de fora eram tão contrastantes que o jovem ficava confuso, apenas por sentir. Dias bonitos não foram feitos para angústia, ou tristeza, assim como bancos novos em folha não combinariam com aquela estação caindo aos pedaços.
Agora o lugar começava a encher. Uma mulher, aparentando ser mais velha do que na realidade era, parou atrás dele, examinando os papéis que estavam no colo do jovem, como se fossem seus próprios documentos. Adolescentes cheios de piercings e bonés passavam de lá para cá, em meio à zoeira e à música nos auto-falantes dos celulares. E, de repente, ele a viu.
Era uma jovem moça, de cabelos loiros descaradamente oxigenados e presos em uma longa trança às suas costas. A pele era de um moreno-claro contrastante com os olhos, azuis e límpidos, mesmo quando vistos de longe.
Se suas cores se misturarem, os filhos terão uma pele clara e lustrosa, com cabelos cacheados e castanho-claros. A mãe dele irá adorá-la, principalmente por ela parecer uma pequena dona-de-casa, com aquele vestido florido e rodado que estava usando. Uma mistura de criança inocente com doce mulher. E seu pai ficará tão orgulhoso, que vai até pagar a lua-de-mel dos dois. Esta pode ser em Paris... não! Veneza. Ah, sim! Veneza é romântica como só ela sabe ser. Ele se casará de branco ou de preto? Cinzento. Será que cinzento pode ser usado em casamentos? (esses costumes, dão um nó na cabeça!) Ela usará branco, claro. Todos a verão como um anjo, e será o dia dela. Todo o domingo, ele a acordará com um café na cama, e passearão no parque, com a luz doce da manhã filtrada pelos galhos das árvores. Os verões serão passados no sítio da família. Eles precisam ter um sítio.
Imaginava agora as árvores frutíferas que iria plantar, quando sua atenção foi atraída pela moça novamente, agora aos beijos com um rapaz, mais alto que ele, vestindo calças coladas e tênis branco.
Ela era magra demais, de qualquer modo.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Carência

O ser humano é carente, por natureza, desde o nascimento (e se não souber se disciplinar, até a morte). Quando você saiu do útero, um lugar quentinho e calmo, sem dores, desconfortos, fome, sede, somente o aconchego do carinho e corpo materno, o sentimento de vácuo, de perda, que irá lhe acompanhar para o resto da vida, começou, ficou gravado e não sai mais de jeito nenhum. E é por isto que procuramos um amor, um emprego melhor, uma comida melhor... Não aceitamos o sentimento de perda. Ninguém aceita o fato de que não tem (ou não é) uma coisa melhor, que poderia ter (ou ser), e lá vai você outra vez, lutar pelo seu espaço no universo.

A coisa toda ajuda, claro. Impulsiona-nos à evolução. Mas o aspecto não tão bom, e que todos um dia ou outro sentirão na pele, muitas vezes sem achar bom também, é o fato de que passamos a vida toda, quer por sentimentos humanos, adquiridos desde o berço, quer por imposições da sociedade (que já foi bem pior que hoje em dia, neste aspecto), procurando a nossa ‘metade da laranja’.

Que sonho bom, um alguém que te complete totalmente, que te preencha, que mande seus defeitos e problemas embora, e te ame para todo o sempre, sendo ele(a) também uma pessoa perfeita, que você amará eternamente. Manhãs calmas e lindas, acordando ao lado de um homem jovem, belo, sem mau hálito matinal e que não roncou nenhuma vez à noite. Após o café da manhã (se bobear, servido por ele, para você, na cama), um passeio pelas ruas, à caminho da praça, uma parada para um picolé, ou um chimarrão... Almoço na casa da sua mãe (que adora ele), todos rindo e jogando canastra, completamente encantados com o quanto você está linda, e o quanto vocês formam um belo casal. À noite, jantar à luz de velas, filmes, chocolate, pipoca, vinho, dormir de conchinha... Como eu disse, um sonho.

Isso nunca acontece. Todos possuímos defeitos e problemas que não irão embora como passe de mágica, por mais felizes e satisfeitos que estejamos. Poucos casamentos duram eternamente, e quase nenhum é perfeito até a morte. Poucos dias são completamente ensolarados, poucos mares são de rosas, e se o seu for, ensine o segredo às milhares de pessoas que até hoje esperam e buscam isso.

E mais uma coisa: por que seríamos melhores, mais valorizados, só por ter um par? Não somos bons o suficiente, sozinhos? Seria isto porque não poderemos ‘procriar’ se não formos casados até os 30 anos de idade?

Ora, tomem vergonha na cara, e deixem as solteironas em paz!

Por quantas vezes mais

Engolir o nada, cheio de vazio,

Antes de deixar que rolem as lágrimas?



Às portas do seu reino

Eu espero, pacientemente.

Chorando cada lágrima,

e sentindo cada sensação

Que só eu sei sentir.



Sentada sob a chuva,

Os meus olhos te seguirão

E tua casa habitarei,

Pensando em tudo que sofri,

Fingindo não querer descansar agora.



E, como uma pedra, ser guiada pela inércia da vida,

Pelo meu próprio peso.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

E virão os sete anjos

Com suas sete taças

Juntos, pela primeira vez

Castigar-me

Por coisas das quais não me arrependi.

Porque tu és a fera

De dez chifres

Que me veste com ouro,

Que suja meu sangue mártir.

Se todas as batalhas são por poder

E todas as vitórias,

Covardias,

Não me odeie por ser quem sou

Pois todos estão errados

Inebriados com seu excesso de luxo.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Pegue suas putas e suas damas
o mundo não é mais aquele em que você viveu.
o futuro paira além do nosso alcance, deixando que seus dedos o rocem, de leve,
incerto, provocativo. Desconhecido, negro e esverdeado.

Tudo que havia
abaixo dos meus pés e acima da minha cabeça
me foi tirado, com dentes, garras e palavras.
Meus heróis estão mortos
e na escuridão dos meus olhos fechados,
o mundo gira nauseante, sem controle.

Apenas corra, e não me julgues mais,
seja justamente, ou do alto de seu pedestal.

Imagino se virá o momento
em que minhas licenças poéticas
não te machuquem,
e que meus medos não me façam parar.


Escutando "Índios- Legião Urbana"

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Papel colorido

No começo, tudo era nada. As coisas não existiam e não havia ninguém para constatar que não existiam. Ou simplesmente não existiam PORQUE não havia ninguém para ver. Então, as coisas começaram a acontecer.
Primeiro Deus criou os homens (e tudo o mais, conforme eles querem que acreditemos), então, os homens criaram ferramentas rudimentares, depois foi a vez da roda, logo após, a descoberta do fogo, e então os homens começaram a consumir não só as coisas que eles faziam, mas as coisas de seus semelhantes, colegas de espécie.
Assim foi criado o sistema de trocas de mercadorias. Se você tinha uma galinha, e precisava de farinha, você trocava a galinha por farinha com seu vizinho que precisava de uma galinha, mas tinha farinha de sobra. O problema era saber quanta farinha perfazia uma galinha, quantos ovos perfaziam um saco de arroz e quantos grãos de arroz eram precisos para se ter um Juicer Philips Walita.
Então, o homem descobriu o ouro, um metal não tão fácil de ser encontrado, e o fez precioso. Comprava-se tudo com ouro, desde uma xícara de açúcar, à uma vaca leiteira. Mas quem tinha o ouro? Qualquer um poderia ter sorte e topar com uma pepita, sem esforço algum da parte do sujeito. E mais um problema: pesar o ouro para saber quanto daquilo era preciso para uma calça leg para sua filha.
E foi assim, neste momento crucial da história e genialidade humana, que o homem inventou o dinheiro! Ouro pesado, impresso, que não pertenceria a qualquer um. Sem trabalho, sem ouro. Sem esforço, sem comida. E o dinheiro evoluiu, e evoluiu...
O dinheiro começou guerras, e acabou com elas. O dinheiro construiu escolas, e ensinou homens a matar uns aos outros sem motivos. Ergueu prédios, e destruiu famílias. O dinheiro fez mães se desfazerem de seus bebês, fez amigos pararem de se falar, fez jovens morrerem e crianças nascerem. Ele deu aos homens direito de comprar outros homens, e contratou homens para cuidar do povo, que só eram amigos do dinheiro e nada mais. Ele nos deu títulos, e nos tirou os mesmos. Ele fez tantas coisas boas, como coisas ruins.
Mas ninguém é hipócrita o suficiente para dizer que não gosta desta maravilhosa invenção, o dinheiro. Imagine você tentar, com o sistema de trocas, contratar uma prostituta.