quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Carência

O ser humano é carente, por natureza, desde o nascimento (e se não souber se disciplinar, até a morte). Quando você saiu do útero, um lugar quentinho e calmo, sem dores, desconfortos, fome, sede, somente o aconchego do carinho e corpo materno, o sentimento de vácuo, de perda, que irá lhe acompanhar para o resto da vida, começou, ficou gravado e não sai mais de jeito nenhum. E é por isto que procuramos um amor, um emprego melhor, uma comida melhor... Não aceitamos o sentimento de perda. Ninguém aceita o fato de que não tem (ou não é) uma coisa melhor, que poderia ter (ou ser), e lá vai você outra vez, lutar pelo seu espaço no universo.

A coisa toda ajuda, claro. Impulsiona-nos à evolução. Mas o aspecto não tão bom, e que todos um dia ou outro sentirão na pele, muitas vezes sem achar bom também, é o fato de que passamos a vida toda, quer por sentimentos humanos, adquiridos desde o berço, quer por imposições da sociedade (que já foi bem pior que hoje em dia, neste aspecto), procurando a nossa ‘metade da laranja’.

Que sonho bom, um alguém que te complete totalmente, que te preencha, que mande seus defeitos e problemas embora, e te ame para todo o sempre, sendo ele(a) também uma pessoa perfeita, que você amará eternamente. Manhãs calmas e lindas, acordando ao lado de um homem jovem, belo, sem mau hálito matinal e que não roncou nenhuma vez à noite. Após o café da manhã (se bobear, servido por ele, para você, na cama), um passeio pelas ruas, à caminho da praça, uma parada para um picolé, ou um chimarrão... Almoço na casa da sua mãe (que adora ele), todos rindo e jogando canastra, completamente encantados com o quanto você está linda, e o quanto vocês formam um belo casal. À noite, jantar à luz de velas, filmes, chocolate, pipoca, vinho, dormir de conchinha... Como eu disse, um sonho.

Isso nunca acontece. Todos possuímos defeitos e problemas que não irão embora como passe de mágica, por mais felizes e satisfeitos que estejamos. Poucos casamentos duram eternamente, e quase nenhum é perfeito até a morte. Poucos dias são completamente ensolarados, poucos mares são de rosas, e se o seu for, ensine o segredo às milhares de pessoas que até hoje esperam e buscam isso.

E mais uma coisa: por que seríamos melhores, mais valorizados, só por ter um par? Não somos bons o suficiente, sozinhos? Seria isto porque não poderemos ‘procriar’ se não formos casados até os 30 anos de idade?

Ora, tomem vergonha na cara, e deixem as solteironas em paz!

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