Encontrei-o em um ônibus lotado; fazendo uma quase reverência para que
eu entrasse antes, como estava fazendo com todas as mulheres da fila. Sorri
para ele, porque adoro atitudes e pessoas assim, e adoro de verdade a simpatia
que ele exalava e a alegria que sempre me dá em encontrar esse tipo de sujeito
pelo caminho. Conversamos muito e jogamos toda a conversa fora. E eu tive a
certeza de que tinha feito um novo amigo.
Poderia ter pedido seu endereço de e-mail ou nome nas redes sociais, mas
uma amizade feita assim deve ser mantida longe de qualquer futilidade ou
engembração maior do que o simples acaso do encontro em um ônibus lotado. Só
sei seu primeiro nome: Eduardo. Mas talvez saiba mais sobre seu caráter do que
sei sobre os dos meus colegas de todos os dias e de alguns amigos. Que tipo de
pessoa se aproximaria tão alegremente de alguém que não tem nada a oferecer
naquele momento, sem qualquer tipo de interesse, sem segundas intenções? Quem
seria tão simpático e generoso com todos a sua volta sem ao menos conhecer
aquelas pessoas, e sabendo que talvez nunca mais vá encontrá-las? Somente uma
pessoa boa, muito boa. Tão boa, que talvez às vezes seja chamada de louco.
E desci do ônibus assim, feliz por aquela conversa de cinco minutos ou
um pouco mais, sabendo que lembraria por muito tempo daquela beleza tão
escondida embaixo das roupas simples, mas que transbordava com seu sorriso, e
do cheiro de passarinho quando canta, de sol quando acorda, ou, se preferir, de
pessoa que ajuda os outros.