quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Efemeridade passageira, pleonasmo proposital.

Ele chega na estação um pouco atrasado. Devia ter perdido o último trem por pouco, pois esta encontrava-se vazia. Senta-se em um banco, daqueles velhos, danificados pelo tempo e vandalismos sofridos. O dia estava bonito, e, com todas as listas de atividades a serem feitas rodando em sua mente, ele se sentia cansado, mesmo estando acordado a apenas uma hora, aproximadamente.
Às vezes, ele pensava, as sensações de dentro e de fora eram tão contrastantes que o jovem ficava confuso, apenas por sentir. Dias bonitos não foram feitos para angústia, ou tristeza, assim como bancos novos em folha não combinariam com aquela estação caindo aos pedaços.
Agora o lugar começava a encher. Uma mulher, aparentando ser mais velha do que na realidade era, parou atrás dele, examinando os papéis que estavam no colo do jovem, como se fossem seus próprios documentos. Adolescentes cheios de piercings e bonés passavam de lá para cá, em meio à zoeira e à música nos auto-falantes dos celulares. E, de repente, ele a viu.
Era uma jovem moça, de cabelos loiros descaradamente oxigenados e presos em uma longa trança às suas costas. A pele era de um moreno-claro contrastante com os olhos, azuis e límpidos, mesmo quando vistos de longe.
Se suas cores se misturarem, os filhos terão uma pele clara e lustrosa, com cabelos cacheados e castanho-claros. A mãe dele irá adorá-la, principalmente por ela parecer uma pequena dona-de-casa, com aquele vestido florido e rodado que estava usando. Uma mistura de criança inocente com doce mulher. E seu pai ficará tão orgulhoso, que vai até pagar a lua-de-mel dos dois. Esta pode ser em Paris... não! Veneza. Ah, sim! Veneza é romântica como só ela sabe ser. Ele se casará de branco ou de preto? Cinzento. Será que cinzento pode ser usado em casamentos? (esses costumes, dão um nó na cabeça!) Ela usará branco, claro. Todos a verão como um anjo, e será o dia dela. Todo o domingo, ele a acordará com um café na cama, e passearão no parque, com a luz doce da manhã filtrada pelos galhos das árvores. Os verões serão passados no sítio da família. Eles precisam ter um sítio.
Imaginava agora as árvores frutíferas que iria plantar, quando sua atenção foi atraída pela moça novamente, agora aos beijos com um rapaz, mais alto que ele, vestindo calças coladas e tênis branco.
Ela era magra demais, de qualquer modo.

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