quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Elizabete


   Elizabete, uma pacata dona de casa, pensava em se separar do marido. As brigas andavam muito frequentes, e ele já não era mais o mesmo. Não tinham filhos, portanto nada impedia o rompimento do não mais romance. Além disso, tinha quase certeza de que Rodrigo tinha um caso. Não que ela tivesse encontrado cabelos ou manchas de batom, chupões e etc., mas ele andava satisfeito demais, sem razão nenhuma.
   Não sabia se era somente isso, ou se ela se cansara de ser a mulherzinha que fica só em casa cuidando do marido, que chega do trabalho, joga a cueca no chão e some com o dinheiro sem que ela veja sequer a cor do dito (mais um motivo para acreditar na existência de uma amante).
   Estava apenas esperando o momento certo. Precisava ter um motivo real, apenas desconfianças ou um amor já acabado não seriam o suficiente, nem para ele e nem para sua família, que ficaria chateadíssima ao receber a notícia.
   Dona Bete e Seu Ricardo já não viviam um mar de rosas, mas isso não aparentava a quem olhasse de fora. Todos os dias pela manhã ela lhe servia o café, ele saía de casa e era um tal de “Bom trabalho” e “Até mais tarde” e beijinhos que a faziam crer que estava tudo bem, por poucos segundos de uma manhã cinzenta. Porém, no fundo ela sabia que não existia mais chances das coisas voltarem a ser como antes, nos tempos de recém-casados. Era triste jogar uma relação de quase dez anos fora, mas se era preciso, isso mesmo que ela iria fazer.
   Certa noite, o marido volta especialmente cansado do trabalho. Cabelos e terno amarrotados. Ela teve a certeza de que ele estava com a amante, e resolveu terminar com aquilo ali mesmo: iria anunciar que queria o divórcio durante o jantar.
   Ao se sentar a mesa, notou que o homem havia depositado uma pequena caixa de presente sobre o tampo. Ele estava sentado ao seu lado, mas não parecia tomar conhecimento da caixa. Se fosse alguma evidência, tanto melhor para ela. Se não fosse, ele não tinha o que esconder. E ela abriu a pequena caixa achatada e azul.
   Dentro havia duas alianças, e acima delas, encaixado de forma a formar um triângulo e não sair do lugar, o menor chocalho de prata que ela já havia visto. Na tampa da caixa, na parte de dentro, um bilhete: “Para a mulher mais linda do mundo. As alianças são para nós renovarmos nosso amor. O chocalho é para o bebê que virá nos renovar.”.
   E ela voltou a acreditar no amor e no próprio casamento. Alguns meses mais tarde, anunciou a chegada do bebê a toda a família. E a vida voltou a ser como de uma recém-casada. Pelo menos até o bebê nascer.

   Moral da história: Se você sabe quem é a mulher da sua vida, faça com que ela se apaixone todos os dias por você. Joias sempre ajudam. 

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